Já se
passaram anos desde o dia do dia mais triste que eu já vivi. Ninguém percebe,
mas desde ali eu nunca mais fui a mesma. Não por causa da dor, nem daquele
buraco imenso que tomou conta, mas pela falta de luz. Apagaram a lâmpada
principal, e eu nem tinha acabado de ler a história, na verdade eu nem tinha
terminado de escrevê-la, era muito mais um ensaio, interrompido sem nenhum
motivo aparente. Não há explicação. A história acabou assim, antes do final
feliz ensinado nos contos infantis.
Agora tem
uma angústia, uma dor bem doida e profunda, um vazio que às vezes eu chamo de
saudade, mas na maior parte do tempo não tem nome e me acompanha diariamente. Saudade
dela. Quanta saudade. Quanto amor. Nada de sentimentos inventados que começam
nas sextas e terminam nos domingos à noite. O amor na sua forma mais sincera. O
amor que coloca no colo, entende o olhar, briga e mostra que tem razão. O amor
eterno, e só por isso maior que a dor de ser, mas não estar.
E ainda tenho
tanto pra falar pra ela (confesso que às vezes falo mentalmente). Tanto pra
ouvir... A vida estava toda ali até não estar mais. Eu estava toda aqui até ser
levada junto com ela em doze de abril de dois mil e sete.
Fica a
sensação de que seria tudo diferente.
Fica o choro
nas madrugadas.
Fica o vazio
da casa, sem seu elo mais forte.
Não dá pra
pensar em como vai ser amanhã. O caminho é conseguir sorrir para o dia hoje, e
ver o que mais tem pra ficar. Já que nada nos salva da vida, muito menos da
morte.
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