domingo, 28 de abril de 2013

Do amor


Por João Paulo Vieira
As pequenas coisas.
A lua de ontem.
O sono compartilhado.
Um afago.
O colo.
Mãos dadas, numa só.
A precisão do cheiro.
Uma tarde, qualquer.
E a ruga do sorriso.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A casa que eles são


Todos os dias alguém acorda cedo e prepara o café com o coração aberto, a alma leve. Esconde as próprias dores pra cuidar das suas, que talvez nem doam mais. O amor é quente e doce. O amor é cura.
Todas as noites alguém te deseja bons sonhos e que você durma com Deus porque pra ela não há melhor companhia para se deitar. O amor é divino.
Tantas coisas deixam o dia, a vida ruins, mas aí vem o amor com uma música nova pra te mostrar, um solo de guitarra, um violão. O amor é afinado.
O amor te ensina o que é uma meia lua de compasso. O amor é uma benção.
A vida é difícil de entender quase o tempo todo, mas o amor te traz outro amor e diz que te ama quando você menos espera. O amor é um bombonzão.
O amor é o que você tem quando não procura. Porque o amor que é verdadeiramente seu, está sempre por perto. Nas melhores coisas. Nas coisas simples que acontecem entre o “bom dia” e o “já pode acabar” que a gente sempre diz.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pra não dizer que eu não falei de amor


Por Lílian Moura e João Paulo Vieira

Não há no mundo alguém capaz de saber o quão feliz ou triste outro alguém pode ser. O indivíduo é egoísta por natureza, e isso não é ruim nem bom é o que é. Um fato. Imutável. Por mais que se tente, uma hora ou outra o egoísmo nosso de cada dia ultrapassa as barreiras do politicamente correto e dá o ar da graça. Porque viver não nos permite ser sempre do mesmo jeito. As únicas coisas que se repetem são ao ais, os risos e o egoísmo.
Não é egoísmo querer que alguém seja seu?
Seu irmão, seu amigo, sua mãe, seu amor...
Ah, ser humano é ser egoísta, falho e um poço de amor infinito por si, pelos outros ou pelas coisas. É o amor que direciona o pensamento, os desejos e até os instintos.
E ninguém sabe amar, mas ama pra não adoecer, pra não morrer. E para passar a vida tentando (sem sucesso) saber das alegrias e dores que acontecem dentro do ser amado.
Ser amado. Como não querer? Como não ser?
Difícil saber até onde o egoísmo vai nos deixar chegar... Mas o melhor lugar está sempre perto e de perto ninguém é normal, esse é o ponto forte do amor. O amor quer pra si, mas é de cada um. Amar é o mais egoísta dos atos. Amar é particular. 
Amar é particular. Amo porque o tédio da tarde já não me suporta como já não o suporto eu. Amo porque a embriaguez já não me é saída e quando alucinado tenho vontade de amar. Amo porque a vida é breve e não posso deixar que o meu amado, nem por um instante, duvide que é nele que está depositado o meu amar. Amo porque quero, e me alimento, e meu ego me castiga se eu não amar. Amo porque sou egoísta e no meu sentimento não cabe a circunstância de não amar. Amar é um verbo ambíguo, tantas vezes hipócrita, sempre muito pessoal e infinitamente particular.
Esperam o egoísmo e o amor que a tristeza não se deixe ficar. Sabemos bem que não vai haver silêncio nem sossego. Sabemos que mesmo feitos um pro outro o amor e o egoísmo não irão se suportar. Mas já não nos cabe julgar. E é isso, engoli os julgamentos. Porque o amor é enfiar a mão por dentro. É esmiuçar e fazer gritar de dor só pra entender o intangível que está lá.
Sejamos francos e egoístas. Não vai o amor te acordar pela amanhã comunicando que agora é tarde pra chorar. Porque o amor corrói na mesma medida em que lhe reserva a noite pra sonhar. É egoísta o amor. Por si só. Por não te permitir que ame e deixe estar, que ame e deixe passar, que ame só por amar. Olhe nos olhos do amor, diga que hoje ele fica em casa e que você vai sair com os amigos pra comemorar. 
No meu sorriso de sábado à noite vai caber a desilusão inteira, vai caber os abraços e o egoísmo de quem quiser compartilhar. Sejamos humanos, amigo. E sobrevivamos juntos ao egoísmo do amor, que ás vezes de tão frágil, parece que não vai durar. Mas dura porque é só e para sempre seu.