domingo, 31 de maio de 2015

Momento

Por João Paulo Vieira
Que posso eu com a fluidez dos meus pensamentos?
Dêem me pedras, não conselhos!
Que faço eu com a solidariedade dos seus versos?
Dono de mim, não da minha loucura,
Escondo no meu sono a minha luta.
Pensa que não sei como é vão esperar a hora?
Se não chega, é que não vem.
E se me ignora é porque criei pra nós
Uma infinidade de mentiras que te sustentam.
(E me arrastam.)
Longe de mim, endureço meus sentidos.
Engulo uma estrela do céu

E guardo um grande amor nos meus cabelos.

sábado, 2 de maio de 2015

Lusco-fusco

Por João Paulo Vieira

Da cor dos seus cabelos
é o sentimento que agora me povoa e desafia.
Do tamanho dos seus olhos.
Soube por mim e por todos
que meu fardo era a minha falta de lucidez.
Não fui capaz de ver você sem ver a mim
(Sonhamos acordados)
Mas ambos  sabemos que o  amor é sobre si.
Eu sei.
Tento em vão te deixar perto
quando os abismos que crio nos separam.
Escolho.
Te escrevo e te guardo na memória,
que é onde eu deixo a beleza
e as coisas que  não entendo.
Pela janela do quarto
conto os motivos pelos quais me dói a ingratidão dos seus detalhes.
Perdôo.
Mas dentro de mim o que é seu já me pertence.
Luto contra o que em mim floresce
e vivo a estupidez dos cegos.

Queria ver o que os seus olhos vêem.

Retorno

Por João Paulo Vieira

De volta estou à vida de poeta
De amores inalcançáveis,
Donzelas inatingíveis,
De tempo posto em prova
E prática.
Aqui estou!
Jamais se apaixone.
Pregava o homem sábio
(que morreu do fígado)
Não gaste suas primaveras
Amando as belezas que se esvaem
Fossem eternas as coisas, amasse!
Mas fogem elas noite adentro
Calando todos seus caprichos.
De volta estou ao ofício dos que esperam
Toco as coisas que me tocam
E amo a cada um, por si
Mas amo ainda mais aquele que grita,
Com bárbaros doces gestos,
Dentro dos meus pensamentos,

A minha solidão inteira.