terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ah, mar


Só uma vez na vida eu mergulhei fundo. O mais fundo que pude, e foi bonito. Lá embaixo é diferente. As cores são mais vivas e tudo tem um gosto bom. Gosto de vontade satisfeita, gosto de sede matada... Mas foi assim que descobri que quanto mais fundo se está, mais difícil fica voltar à superfície e nessa hora o medo rouba o oxigênio que tinha até então sido suficiente, rouba também a sua paz. E a inquietude te faz perder o norte, os pontos de referência... Perdida e me afogando, foi assim que eu fiquei.
Uma gota de serenidade me trouxe de volta à terra firme, ainda bem. E agora eu só vou até onde dá pé, na verdade, por enquanto só tenho molhado os pés. Não é tão bonito, mas é seguro. Talvez faltem outras coisas, mas nunca o ar, ou a lucidez. Melhor assim.

Aurora

Por João Paulo Vieira

De nossas flores, fez-se um buquê.
Pra anunciar o novo dia
Porque acabou-se a agonia
Passada está já a saudade
E não se aguenta o coração
Então vem
E sinta o cheiro das flores
Teus serão os meus amores
Vamos juntos, meu amor.