quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

E você sabe o que eles dizem sobre os pretos

Em menos de 24 horas li dois relatos sobre demonstrações explícitas de preconceito gerado pela cor da pele. 
Só consigo imaginar que as infelizes mentes humanas que iniciaram esse processo de segregação pela cor da pele, ficariam satisfeitas ao saberem que não avançamos minimamente nessa questão. As centenas de anos que nos separam daquele tempo ainda estão carregadas de atos igualmente desprezíveis. 

Eu nunca me senti constrangida por ser negra, mas estou aprendendo a ser cada dia mais. Aos poucos, nos questionamentos das falas e ações das pessoas mais próximas, na desconstrução de expressões já naturalizadas e que ofendem pra caramba. Mas é uma tarefa difícil, porque é ingrato ter que reiterar ao outro que a cor da minha pele é negra sim e que é para além disso que se vive.

Às vezes é chato, porém necessário, lembrar que a força deixa a história mal contada. Mas que ainda assim é preciso conhece-la para avançar.

Eu não aceito o preconceito. Nem o feito em piadinhas, nem o que barra pessoas negras em lojas, muito menos o de “autoridades” que abordam na rua com armas.

Eu tenho medo de ter um filho que seja “xingado” de preto. Eu tenho medo de quem acha que somos todos macacos. Ninguém tá pedindo piedade, só respeito.

Sem fingimento, sem alardes, quem é de ser que seja:
O seu preconceito é com a cor da pele? 
O cabelo crespo? 
Não?! 
É com o que, então? Fala.

Preconceito é vício. Fica mais fácil tratar se você reconhece que tem.


E para quem,assim como eu, têm no corpo todas essas características físicas a dica é: sejamos, pois. Sem vergonha, sem receio, sem achar normal ser tratado diferente por ser negro.