Em menos de 24 horas li dois relatos sobre demonstrações
explícitas de preconceito gerado pela cor da pele.
Só consigo imaginar que as infelizes mentes humanas que
iniciaram esse processo de segregação pela cor da pele, ficariam satisfeitas ao
saberem que não avançamos minimamente nessa questão. As centenas de anos que
nos separam daquele tempo ainda estão carregadas de atos igualmente desprezíveis.
Eu nunca me senti constrangida por ser negra, mas estou aprendendo
a ser cada dia mais. Aos poucos, nos questionamentos das falas e ações das pessoas
mais próximas, na desconstrução de expressões já naturalizadas e que ofendem
pra caramba. Mas é uma tarefa difícil, porque é ingrato ter que reiterar ao
outro que a cor da minha pele é negra sim e que é para além disso que se vive.
Às vezes é chato, porém necessário, lembrar que a
força deixa a história mal contada. Mas que ainda assim é preciso conhece-la para
avançar.
Eu não aceito o preconceito. Nem o feito em piadinhas, nem o
que barra pessoas negras em lojas, muito menos o de “autoridades” que abordam
na rua com armas.
Eu tenho medo de ter um filho que seja “xingado” de preto.
Eu tenho medo de quem acha que somos todos macacos. Ninguém tá pedindo piedade,
só respeito.
Sem fingimento, sem alardes, quem é de ser que seja:
O seu
preconceito é com a cor da pele?
O cabelo crespo?
Não?!
É com o que, então? Fala.
Preconceito é vício. Fica mais fácil tratar se você reconhece que tem.
E para quem,assim como eu, têm no corpo todas essas
características físicas a dica é: sejamos, pois. Sem vergonha, sem receio, sem
achar normal ser tratado diferente por ser negro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário