sábado, 2 de maio de 2015

Lusco-fusco

Por João Paulo Vieira

Da cor dos seus cabelos
é o sentimento que agora me povoa e desafia.
Do tamanho dos seus olhos.
Soube por mim e por todos
que meu fardo era a minha falta de lucidez.
Não fui capaz de ver você sem ver a mim
(Sonhamos acordados)
Mas ambos  sabemos que o  amor é sobre si.
Eu sei.
Tento em vão te deixar perto
quando os abismos que crio nos separam.
Escolho.
Te escrevo e te guardo na memória,
que é onde eu deixo a beleza
e as coisas que  não entendo.
Pela janela do quarto
conto os motivos pelos quais me dói a ingratidão dos seus detalhes.
Perdôo.
Mas dentro de mim o que é seu já me pertence.
Luto contra o que em mim floresce
e vivo a estupidez dos cegos.

Queria ver o que os seus olhos vêem.

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