Como é
fantástica a habilidade do ser humano de transformar o passado em algo muito
melhor do que de fato foi.
O passado é aquele lugar magistral
onde as cores são mais fortes, as imagens mais nítidas e blindadas contra o mal
feito. Lá o tempo não existe, aliás, nada existe. Na verdade o passado é a
imaginação brincando de perfeição e felicidade. Tudo é poético. A tristeza e a
alegria dividem cenas e atenções sob o céu poucas vezes gris, quase sempre todo
azul, azul como jamais esteve.
O cérebro se diverte fazendo a
edição dos “melhores” momentos e juntando-os num filme que vai do drama à
comédia sem cerimônia, dependendo só das condições de temperatura, espaço, (de)pressão,
dos dias do ano, de como o presente esteja se colocando. O presente. Este sim
excruciantemente real, sem cortes, a vida desmascarada. Ela por si só.
As ideias, os sentimentos, as
conversas, estão todos lá (aqui). Representantes legítimos da existência. Os
donos da verdade que tornam o agora um tanto menos bonito do que é.
O Super Poderoso Passado. Seus super
poderes? A criatividade, o esquecimento. No passado não é preciso lutar contra
si, muito menos contra os outros, não há encontros nem desencontros, não é
preciso aprender. Basta assistir ao mesmo filme. E pode-se parar na imagem que
mais agrada, também é permitido voltar, até porque tudo por aquelas bandas é
tão distante e tão perto que nem chega a ser, por lá se anda muito, mas não se
vai a lugar nenhum.
O passado é nada. É o que já não se
tem. Volta-se para o que não é, não será, e talvez não tenha sido. E qual é a
graça disso? Diferente do presente, o passado é poderoso, o passado pode ser
observado de longe. Muito mais fácil. Muito mais humano.
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