sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

É carnaval, amor!


Por João Paulo Vieira

“Brasil, esquentai vossos pandeiros. Iluminai os terreiros. Que nós queremos sambar.”
Meu quarto tava uma bagunça e eu joguei tudo no chão de modo que as camisas não se misturassem com os livros. Dei dose dupla de ração pros cachorro e botei as plantinha no sol. Deixei as contas pra pagar na quarta porque hoje é sexta de carnaval e chegar atrasado no bloco não presta.
Ninguém precisa ficar na janela pra ver o bloco passar. Porque o carnaval não é sagrado e a alegria não é lei. Mas ai de quem se tranca e se recusa à festividade sem motivo que vem bem no meio do mês, ai de quem arrebita o nariz e diz que não é carnaval, que carnaval é falta de vergonha na cara, que a mulata nua é sem vergonha e que bagunça não é divertido não. Ai de quem não é carnaval, ai de quem não dança. Vem fazer moleza meu povo, que o carnaval não cansa.
Eu saio na rua com minha fantasia e o bloco a me acompanhar. Tô surpreendido pela alegria e parece que a música nunca mais irá parar. O pessoal tá feliz pra caramba, tem gente dançando muito, tem gente que não para de cantar. Parece uma piada, porque é sexta-feira mas cansaço não há. Parece uma mentira porque o Brasil matou o cansaço e até a quarta-feira trabalho duro não há. A gente parou e não há quem vá contestar. A gente decidiu não fazer nada que a gente não queira e não há quem nos impedirá.
E tudo isso é sobre celebrar qualquer coisa que renda uma risada boa, uma conversa à toa, uma história pra contar. É sobre o luxo de remar contra a corrente e todo mundo te ajudar. É conversa de bêbado, mas é quase canção de animar. É o elogio da loucura. O estandarte do sanatório geral vai passar.
Vou juntar minhas coisa num canto, bem quente de preferência, vou caçar um lugar pra festejar. E morrer de calor e de alegria porque já é sexta de carnaval, e eu saio na rua e rio na cara do povo e brinco de ser bobo, porque viver tem dia que é bobo e hoje é sexta de carnaval.

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