quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A gosto


Por João Paulo Vieira

Que o tempo passe nos engolindo devagar. Que ele passe soprando por todos os cantos, nos tirando da monotonia, nos consumindo em cada momento de dúvida e de aflição. Que cale-se o barulho dos ponteiros pra que possamos ouvir com clareza as sinfonias que a vida nos tem pra contar. Que a gente tenha a coragem de correr atrás do tempo e de passar por cima dele. Que os instantes parem de se atropelar uns aos outros e que a gente respire um ar mais puro que o da indiferença. Que deixemos de frescura, pra correr atrás do que a cegueira nos impediu de enxergar. E que volte o gosto. A sentir o gosto. E a não deixa-lo mais passar. O gosto de voltar, o gosto de lutar, o gosto de sentir todo esse gosto. Agora temos todo o tempo do mundo. Porque o tempo não existe. O que existe é o gosto. É o gosto que passa, mas que não deveria passar. Agarre-se ao gosto, mesmo ao gosto amargo, mesmo ao estranho gosto que tem as decepções. Porque uma vida sem gosto está fadada ao vazio. Coragem, meu caro, coragem. E vá ser feliz. Vá ser feliz a seu gosto. Vá logo, porque já passa da hora. Porque nunca importaram os poréns e os porquês. Então vá. Munido de boa fé tudo se ajeita. Vá estampar um sorriso nessa sua cara. Mas faça com amor. Pra valer a pena. Despeje amor a gosto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário