domingo, 21 de junho de 2015

Os jogos florais

Por João Paulo Vieira

Pois que duvido da força dos meus versos!
A flor que canto é toda espinho
E ainda assim reduzo sua crueldade a pó.
Escrevo porque a escrita traz de volta
meu ponto de partida.
Encerro em algumas palavras meu breve luto
e cessa, subitamente, a vontade de retornar.
Minto!
E cá de dentro escarneço minha capacidade de ser real.
Cubro de flores que não reconheço meus exageros.
(ou o que nos trouxe aqui.)
Seria eu algo de avesso à lucidez¿
Seriam as circunstâncias sinais de minha reprovação?
Desejo não precisar de poesia,
não viver aqui dentro,
não contar mais os dias,
assumir que não desejo.
A tinta no papel, o sentimento nos ombros.
Apenas entenda que fomos nós,
pelas nossas próprias trajetórias,
que nos chocamos de tédio.
Não devo pedir.
Mas dê-me o que eu quero.
Faça-me feliz.
Me poupe da miséria e do cinismo.
Livre-me.
Me petrificam seus olhos
Quando me mostram que a vontade nem existe.
Um cheiro de flor me invade a alma
e sinto que o mundo não importa,
e sinto que a irracionalidade é mesmo um dom,
em tom de amor cansado de esperar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário