Por João Paulo Vieira
Pois que duvido da força dos meus
versos!
A flor que canto é toda espinho
E ainda assim reduzo sua
crueldade a pó.
Escrevo porque a escrita traz de
volta
meu ponto de partida.
Encerro em algumas palavras meu
breve luto
e cessa, subitamente, a vontade
de retornar.
Minto!
E cá de dentro escarneço minha
capacidade de ser real.
Cubro de flores que não reconheço
meus exageros.
(ou o que nos trouxe aqui.)
Seria eu algo de avesso à
lucidez¿
Seriam as circunstâncias sinais
de minha reprovação?
Desejo não precisar de poesia,
não viver aqui dentro,
não contar mais os dias,
assumir que não desejo.
A tinta no papel, o sentimento
nos ombros.
Apenas entenda que fomos nós,
pelas nossas próprias
trajetórias,
que nos chocamos de tédio.
Não devo pedir.
Mas dê-me o que eu quero.
Faça-me feliz.
Me poupe da miséria e do cinismo.
Livre-me.
Me petrificam seus olhos
Quando me mostram que a vontade
nem existe.
Um cheiro de flor me invade a
alma
e sinto que o mundo não importa,
e sinto que a irracionalidade é mesmo um dom,em tom de amor cansado de esperar.