Por Lílian Moura e João Paulo Vieira
Não há no
mundo alguém capaz de saber o quão feliz ou triste outro alguém pode ser. O
indivíduo é egoísta por natureza, e isso não é ruim nem bom é o que é. Um fato.
Imutável. Por mais que se tente, uma hora ou outra o egoísmo nosso de cada dia
ultrapassa as barreiras do politicamente correto e dá o ar da graça. Porque
viver não nos permite ser sempre do mesmo jeito. As únicas coisas que se
repetem são ao ais, os risos e o egoísmo.
Não é
egoísmo querer que alguém seja seu?
Seu irmão,
seu amigo, sua mãe, seu amor...
Ah, ser
humano é ser egoísta, falho e um poço de amor infinito por si, pelos outros ou
pelas coisas. É o amor que direciona o pensamento, os desejos e até os
instintos.
E ninguém
sabe amar, mas ama pra não adoecer, pra não morrer. E para passar a vida
tentando (sem sucesso) saber das alegrias e dores que acontecem dentro do ser
amado.
Ser amado.
Como não querer? Como não ser?
Difícil
saber até onde o egoísmo vai nos deixar chegar... Mas o melhor lugar está
sempre perto e de perto ninguém é normal, esse é o ponto forte do amor. O amor
quer pra si, mas é de cada um. Amar é o mais egoísta dos atos. Amar é
particular.
Amar é
particular. Amo porque o tédio da tarde já não me suporta como já não o suporto
eu. Amo porque a embriaguez já não me é saída e quando alucinado tenho vontade
de amar. Amo porque a vida é breve e não posso deixar que o meu amado, nem por
um instante, duvide que é nele que está depositado o meu amar. Amo porque
quero, e me alimento, e meu ego me castiga se eu não amar. Amo porque sou egoísta
e no meu sentimento não cabe a circunstância de não amar. Amar é um verbo
ambíguo, tantas vezes hipócrita, sempre muito pessoal e infinitamente
particular.
Esperam o
egoísmo e o amor que a tristeza não se deixe ficar. Sabemos bem que não vai
haver silêncio nem sossego. Sabemos que mesmo feitos um pro outro o amor e o
egoísmo não irão se suportar. Mas já não nos cabe julgar. E é isso, engoli os
julgamentos. Porque o amor é enfiar a mão por dentro. É esmiuçar e fazer
gritar de dor só pra entender o intangível que está lá.
Sejamos
francos e egoístas. Não vai o amor te acordar pela amanhã comunicando que agora
é tarde pra chorar. Porque o amor corrói na mesma medida em que lhe reserva a
noite pra sonhar. É egoísta o amor. Por si só. Por não te permitir que ame e
deixe estar, que ame e deixe passar, que ame só por amar. Olhe nos olhos do
amor, diga que hoje ele fica em casa e que você vai sair com os amigos pra
comemorar.
No meu
sorriso de sábado à noite vai caber a desilusão inteira, vai caber os abraços e
o egoísmo de quem quiser compartilhar. Sejamos humanos, amigo. E sobrevivamos
juntos ao egoísmo do amor, que ás vezes de tão frágil, parece que não vai
durar. Mas dura porque é só e para sempre seu.